O dilema moral do CEO

CEO Office

Olá! Neste artigo eu trago um assunto que é pouco falado no mundo corporativo. Não porque o assunto é importante, mas porque ele é tratado de maneira velada dentro da organização. Direto e assustador a figura do CEO tem o objetivo de obter o máximo de retorno com o mínimo de investimento. Porém, há um dilema moral que todo CEO carrega. Você conhecerá o segredo do CEO nas linhas à seguir.

O CEO (Chief Executive Officer) ou diretor executivo é o cargo dentro de qualquer organização que tem como missão obter através de boas práticas de gestão e muita experiência uma maximização dos resultados. Todo CEO tem em suas mãos uma organização inteira, que deve funcionar como as engrenagens de um relógio suíço no caminho contínuo da obtenção do máximo de resultados com o menor investimento possível.

Mas o que muitos não sabem é que todo CEO enfrenta um dilema moral fortíssimo: “Em termos de currículo, este é o nível mais alto que um profissional pode chegar”. Ou seja, o CEO é a pessoa que chegou lá! Galgou todos os cargos, aproveitou as oportunidades, trabalhou duro e suou a camisa para chegar na posição mais alta de qualquer organização. Depois dali qualquer progresso será da porta da empresa para fora. E este é o dilema moral do CEO.

Essencialmente o CEO pode seguir três caminhos: Perenizar-se no cargo, partir para o empreendedorismo, este último regado da confiança de que sua rede de relacionamento desenvolvida por anos a fio, sua habilidades profissionais e o capital acumulado durante a vida serão os fatores determinantes do sucesso ou por último mas não menos importante, tornar-se um CEO em outro lugar. No geral não há muito para onde correr. Resumindo, o CEO é o último homem contra a parede. Depois dali, só um caminho completamente tortuoso (empreender) ou o caminho da estabilidade (perenizar). E não falei de migrar para a direção executiva de outra empresa porque normalmente as empresas se conhecem e quando isso acontece, o CEO tem de ser fundamentalmente phoda exemplar para receber um “convite” da próxima organização.

Existe uma quantidade razoável de executivos que colocam as costas na parede e dizem secretamente para si mesmos: “vou sobreviver por quanto tempo puder”. E entenda que tomar esta decisão passa exatamente pelo título deste artigo, o dilema moral.

Certa vez ouvi um relato em uma palestra que um “Diretor Executivo” foi contratado pela empresa para melhorar os resultados das vendas, visão da marca e eficiência técnica da organização. Por alguns anos, este “diretor” remodelou o cálculo dos indicadores fazendo parecer que os resultados estavam aparecendo, à cada ameaça demitia um dos gerentes com a desculpa de que aquele indicador não foi cumprido por conta de alguma ingerência e permaneceu no cargo por pelo menos 5 anos. O tempo passou, os números não vieram e sequer deram sinais de que viriam. O problema é que os sócios só conseguiram perceber o tamanho do buraco quando decidiram demití-lo e assumir a direção. Se isso continuasse por mais 6 meses, uma empresa de mais de 20 anos teria sido corroída por um CEO que decidiu apenas ficar lá o máximo de tempo que precisava. O CEO utilizou a estratégia: “Troco o time inteiro se precisar, mas nada me tocará” – a estratégia funcionou durante 5 longos anos. Carreiras inteiras foram desfeitas, profissionais verdadeiramente raros foram demitidos, tudo em nome da “perenização sintomática do CEO”.

Em outra palestra ouvi um caso diferente: O CEO esqueceu de seu cargo e lutou para ajustar a companhia durante 6 meses, rebatendo as propostas do BOARD (nome bonito para conselho, onde normalmente estão os sócios) provando através de números, fatos e informações de que a estratégia adequada estava em um caminho diferente daquela que os conselheiros estavam enxergando. Cento e oitenta dias depois o CEO estava na rua, sem o glamour nem o dinheiro relacionado ao cargo. Este CEO lutou o bom combate corporativo e perdeu feio, pois não atendeu às expectativas (subjetivas) do BOARD. Claro que alguns anos depois do combate a empresa continua em dificuldades.

Então, concluindo a função real de um CEO é permanecer no cargo o máximo de tempo que puder. A função de um sócio ou conselheiro é avaliar através dos resultados se o CEO merece continuar lá. E pra quem lida com um CEO diretamente segue a dica: – Trabalhe para que todo o resultado seja o aumento dos resultados da empresa mas principalmente que este resultado garanta a permanência do “chefe”.

Um abraço e até a próxima!